sexta-feira, 23 de março de 2012

Leilão

Bate o martelo e meu peito tem seu preço  
Cruzo meus braços a espera do meu dono
Finjo não saber que essa trama me alucina
Crio áureos momentos para essa conjunção


Sob os lençóis descobrimos nossa sede de amar
Agitam-se corpos suados ao repouso no leito
Ficamos minutos inertes que logo se estende por horas
Encontramos o que buscamos aos desejos de amar


Cavalgando, essa amazona faz galopes atrevidos
Saciando minha fome, eu aguço tua gula
Vamos em poucos minutos ao mundos dos prazeres


Que se estendam noite e dia. Que se façam diferentes
Que me tenhas sem ter pressa. Que esse brilho ilumine
Que esses corpos copulados perpetuem ao infinito  




Silvia Dunley    22.03.2012

Célula mulher

Tem todos os direitos aos deveres nos doídos calos
Cobiça cada degrau desgastado ao topo chegar
Acalenta no seu ventre a dádiva de um ser seu
Entrega pra esse caótico mundo esse bem maior


Chora saudades de casa pois a vida lhe cobra
Dorme acanhada ao leito entre soluços mudos
Rompe seus dias em claro e faz um diário noturno
Cria um Deus feminino e dobra os joelhos em prece


Mulher tão mulher que faz desse mundo oásis
Que pinta verdes cores nesse pisar tão escuro
Que cria coragem e renúncia nesse peito de aço


Que assume tudo e todos nesse preciso viver
Conquista suados gritos em alvos certeiros
Faíscam estrelas erguidas nesse planeta mulher


Silvia Dunley   08.03.2012

Trama de nós

Maquinei nossos enredos em mexericos
Teci tal qual a seda esse pródigo querer
Asilei-me feiticeira, nesse corpo de herói
Atrevi-me tentadora, pecadora e festiva

Aprontei sem punição nessa tensa rendição
Controlei nossa imersão desses corpos entre si
Terminamos realizando esse nosso calendário
Hipnose e acupuntura germinavam ao prazer

Tão acesos ficamos que rastros deixamos
No assoalho refletia esse erétil equestre
Trilhamos então distantes estrelas

Exalamos ociosos duendes amantes
Engate perfeito num espaço só nosso
Mosaico perfeito num mundo amante

Silvia Dunley     13.03.2012

Ais de outono


Noites bem longas, dias mais curtos
Amareladas folhas nos trazem de novo
Frutos fartos e bem mais maduros,
Cobiçam a terra com pompa outono

Saímos da concha ao mundo caímos
Queremos daqui, ilesos sonhar,
Pois já que a vida castiga esse couro
Devaneios então irei conquistar

Que tempos em cantos teremos enfim?
Que grossa armadilha puseram em nós?
Quem cuida daqueles que imperam amor?

Respostas as tenho, mas súplicas virão
Reflito pensar que estamos à mercê
Deixei a muito brinquedos de outono

Silvia Dunley    21.03.2012

Lobo bom

Me confina no seu mundo anjo,
Me chama de “meu amor ",
Desafina esse corpo leve e solto,
Mas alinha sua meiguice de um lobo.

Páreo duro esse hobe de querer-te,
Lado a lado margeando meus instintos,
Que tortura fascinante invadindo pensamentos,
Perco o ar, ganho trancos e te ganho por inteiro.

Tempestades delirantes que não pedem calmarias,
Tremulantes desejos que excitam esses anjos,
Com ação e adrenalina nós ganhamos o Olimpo.

Repousamos na suave umidade animal,
É com arte que esse lobo me cativa mulher,
É sem tempo que te tenho nos prazeres que são seus.

Silvia Dunley. 06.03.2012

domingo, 4 de março de 2012

Cumplicidade


Ah ! Que saudades daqueles verdes claros olhos!
Das suas loucas risadas criadas nas horas tão certas,
Do seu jeito tirano maneiro de ser de ter-me contigo,
Das tardes bem frias em que nossos corpos exalavam calor.

Ah! Por que esse tempo nos fora roubado? Por que?
Faria tudinho do jeito maroto e amoroso só nosso,
Trocaria carícias com ávida intenção de despir-me,
Roçaria essa pele macia nesse corpo suado de macho.

Criaria de novo fantasias que te fizeram ceder,
Faria sentir-se um nobre nessa gostosa envergadura,
Castelos ergueriam na entrega de corpos saciados.

Ganharia o éden tal qual uma venenosa serpente,
Mataria essa fome e saciaria essa sede que rói essa carne,
Degustaria prazer em pequenas porções vividas na cama.

Silvia Dunley 04.03.2012