domingo, 17 de julho de 2011

Fragmentos de amor

Contornar úmidos lábios na ponta dos dedos,
Sentir teu odor nas vestes que visto.
Íntimo tímido. Você berra em sussurros,
Bebemos sedentos os deleites finais.

Mas temos todo o tempo do mundo, e como!
Que paixão desenfreada, tentadora e consciente,
Tempo apressado, buscas constantes,
Criamos dois deuses de puro prazer.

Tens o leme desse barco, tens o dote dessa dama,
Sua língua bem felina faz contorno no meu corpo,
Purifica o meu corpo, alicia meu pecado.

Entrego-me nesse vício chamado você,
O amor mais puro se estendeu na penumbra.
Bem melhor que seja assim, pois jamais terá um fim.

Silvia Dunley, 02/07/2011

Na Pele

Desperto essa sede, sacio aos goles,
Te faço sonhar num mundo tão íntimo.
Intocável, mas irrequieto, tu és o meu anjo,
Fagulhas acendem nos corpos em brasa.

Disserto espojada, a garra de fêmea,
Tudo começa num grande silêncio,
Aos poucos ousamos gemidos de amor.
Na pele sentimos um imenso calor.

Me viro de um jeito pedindo seus beijos,
Procuro em suas mãos um toque de macho,
Sussurro aos gritos vontades contidas.

Desperto em ti malícias divinas,
Eu peço os sins com fome de ti.
Me fazes mulher neste corpo carente.

Silvia Dunley    16.07.2011

Retrato Falado



Fortaleza erguida nos tombos da vida.                          
Ser pluralista num mundo tão ímpar,
Força constante no universo machista.

Vida crescente nas curvas elípticas,
Sorriso escondidos nos escombros chorosos,
Conquistas tremulam no topo do monte.
O vento balança, a mulher o desafia.

Seguro bem firme um pedaço de mim,
Reflito ao espelho, como posso e consigo ?
Bato em meu peito com brio de fêmea !

Quem disse que somos tão frágeis assim ?
Quem sabe vocês do íntimo mulher ?
Quem ousa dizer que nascemos da costela de um homem ?

Silvia Dunley,          16/07/2011  

domingo, 3 de julho de 2011

Breve retorno

Retorna esse moço bastante sofrido,
Ocultando na face mágoas passadas.
Sorrio pra ele e nada pergunto,
Toco sua barba, já bem mais branquinha!

Caminho suas rugas que o fazem mais velho,
Procuro esse homem ainda menino.
Mato a saudade que vive em nós,
Mato vontades que sopram esses ventos.

Por que tantas vindas ao meu porto-mulher?
Lá fora se vê perdido em seu rumo,
Se rende, se vende, se joga pra mim.

Momentos só nossos, nos fazem arfar.
Rende-se a mim de um jeito criança,
Faço esse homem dosar esse corpo.

Silvia Dunley 03.07.2011