sexta-feira, 20 de abril de 2012

A essência do amor



Colhi com carinho a rosa mais tênue
Guardei seu perfume num raro cristal
Borrifei sua alma com pétalas brancas
Cobri sua áurea em essências divinas

Vesti seus segredos nos campos oásis
Cuidei fielmente desse éden jardim
Busquei o sol mais brilhante de amor
Dei-te tão intenso mar na quebrada maré

Suas noites enluaradas eu as fiz suspirar
Seus desejos escondidos, dei-lhe vida ao amar
Recriei-te para mim na mais bela das pinturas

Docilmente te embalava nesse colo tão carente
Loucamente me entregava nessas mãos arquitetas
Desenhavas nossos corpos entre pétalas e fúrias

Silvia Dunley 18/04/2012 

Mergulho n'alma

Voltei ao passado em lentas passadas
Busquei minha infância em piques e rodas
Deitei-me com frio e aos poucos dormi
Sonhei com bonecas em trapos acolhidas


Mergulhei tão fundo e saudades pesquei
Encontrei histórias e fartos tesouros
Sombreei essa alma com cores bem vivas
Revivi peripécias que o mundo perdeu


Quem dera o tempo pudesse voltar!
Que farra faria com jeito sapeca
Quem sabe ficasse e crescer "nunca mais"


Subir altos muros e carambolas comer
Correr para casa aos gritos mamãe
Deitar em seus braços e dormir em carinhos


Silvia Dunley 18/04/2012 





A nobre arte




Triunfar encantos na arte de amar
Criar lucidez aos magos desejos
Articular esses laços em nós escoteiros
Viver por inteira, pedaços momentos

Ousar-te malícias e roubar-te em carícias
Pisar esse dorso deixando manhosas pegadas
Viver essa arte com rústicos toques meus
Roubar seu libido no encanto prazer

Um não sem fim. Um outro outra vez
Acesa a lareira com nossas pegadas
Atada ao seu corpo, eu peco em fêmea

Sobram escolhas que jorram aos olhos
Cobiçam desordem nos seios da alcova
Douramos essa hora em melodiosas metades

Silvia Dunley  11/04/2012 

Vacilou

Arriba meu pé de coelho!
Traga esse traste pra mim
Errante como cigano, engana
Abatido nessa caça, caçado


Açoitado pela vida, se perde
Castrado pelas mazelas, sem ego
Astuto como raposa, derrapa
Tirano aos sentimentos, se entrega


Triunfo sob seus olhos esse homem coto
Grito aos surdos ouvidos suas escolhas vãs
Ergo o cálice canalha que suplica meu amor


Fui teu ar, dei-te colo e aconchego
Trouxe o sol e as estrelas
Mas seus cacos , os varri


Silvia Dunley 10/04/2012